08 junho, 2011

Colégio Nossa Senhora do Bom Despacho

Colégio onde fiz a pré-primária ...

Num tempo em que pouco havia e a Maia não passava de um concelho agrícola, onde a maior parte das crianças passava muito tempo no campo e pouco na escola, onde concluir a instrução primária era um privilégio, nasceu o Colégio de Nossa Senhora do Bom Despacho. Era uma espécie de oásis do ensino. A única escola de todo o município que tinha ensino acima da antiga quarta classe, hoje o último ano do ensino básico.






Nasceu em 1948, por obra e determinação de um grupo de professores já com um colégio em Famalicão. Chegaram à Maia com a ideia de desenvolver um projecto idêntico. Bem acolhidos pelo então presidente da câmara, Carlos Pires Felgueiras, contaram com o apoio do padre Pinheiro Duarte para encontrar as necessárias instalações. Ocuparam uma casa, de dois pisos e águas-furtadas, que pertencia à Santa Casa da Misericórdia do Porto, na sequência de uma herança de Agostinho Marques, falecido notário de Barreiros. Uma casa em pleno centro da Vila de Barreiros, onde hoje está localizado o centro comercial Central Plaza. A renda chegava aos 14 mil escudos.
Cumprindo as exigência do Ministério da Educação, com entradas separadas para rapazes e raparigas, o Colégio abriu no ano lectivo de 1948 / 1949, com uma lotação limitada de 128 alunos, dos quais 98 dos primeiro e segundo ciclo (liceal) e 30 da instrução primária. Benilde Pinto Marinho, uma das fundadoras, foi a primeira directora do estabelecimento. Recebeu o alvará 983 do Ministério da Educação Nacional e da Inspecção do Ensino Particular.
A matrícula custava 100 escuros (0,5 euros). O pagamento das propinas era feito por períodos escolares ou mensalmente, de forma excepcional. As notas dos alunos eram enviadas todos os meses aos encarregados de educação e as faltas comunicadas diariamente. Sempre por correio. Os intervalos entre aulas eram ocupados por estudos “fiscalizados e obrigatórios”. No primeiro ano, um aluno da primeira classe pagava 200 escudos por período. Já o quinto ano do curso do liceu implicava o pagamento de 700 escudos. A cantina era paga à parte. Era, pois, de acesso restrito a quem podia pagar. Não era só para ricos mas era necessário ter alguma disponibilidade financeira. Mas o facto de receber um apoio financeiro da autarquia levou a que as suas portas fossem abertas a muitos jovens menos bafejados pelo berço em que nasceram.
No ano seguinte ao da fundação, entrou para o colégio Gracinda Vales, que haveria de ser o denominador comum da instituição ao longo das décadas seguintes. Com a sua acção foram desenvolvidas diversas iniciativas e festejos que acabaram por dinamizar o ensino do colégio e o salvaram da falência.
Na década de 1960 o ensino preparatório chegou à Maia, instalando-se bem perto do colégio, num local próximo de onde se encontra o Fórum, transitando mais tarde para as instalações actuais. O colégio perdia o monopólio mas continuou a funcionar. Alguns anos depois, em 1977, a Direcção do Fundo de Fomento da Habitação anunciava o prédio onde o colégio tinha a sua existência como “de utilidade pública” para a construção de um empreendimento social. Ao lado estava a nascer o bairro do Sobreiro, que acabou por não chegar aquele local. No entanto, por essa altura já tinha encerrado a valência de ensino preparatório e apenas funcionava a primária. Em 1980 o colégio foi demolido.
Foram trinta anos de acolhimento de mais de 600 alunos, muitos dos quais frequentaram a escola durante 11 anos de formação escolar.
A maior parte dos alunos era do concelho da Maia, embora também houvesse estudantes que chegavam de Leça do Balio, Trofa e outros locais.